A questão de saber se os cristãos devem ou não celebrar o Halloween é, de fato, um tema controverso com profundas divisões de opinião. Enquanto alguns veem a celebração como um evento inocente e inofensivo de fantasia e diversão, outros estão convictos de que é uma festa satânica com o propósito de promover a escuridão e o mal. A essência do debate reside na possibilidade de um cristão participar sem comprometer sua fé.
As Origens Pagãs e a Perspectiva Cristã
O ponto crucial para muitos é a origem do Halloween, que é quase que totalmente pagã, remontando a festivais celtas como o Samhain, onde se acreditava que o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos ficava mais tênue. Para os cristãos que levam isso a sério, a festa, independentemente da sua comercialização atual, carrega um significado espiritual subjacente que é totalmente incompatível com o Cristianismo.
A Bíblia, embora não mencione o Halloween diretamente, oferece princípios claros que apontam para a necessidade de os cristãos se distanciarem de qualquer coisa associada ao ocultismo e às trevas.
O Inegável Conflito com a Escritura
A Escritura estabelece uma separação drástica entre a fé cristã e as práticas ocultistas.
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No Antigo Testamento, a feitiçaria era considerada um crime gravíssimo, punível com a morte (Êxodo 22:18, Levítico 19:31, 20:6, 27). Isso sublinha a seriedade com que Deus via (e vê) o envolvimento com o sobrenatural maligno.
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No Novo Testamento, as narrativas de Simão, o Mago (Atos 8:9-24), Elimas, o Feiticeiro (Atos 13:6-11), e a libertação da menina com espírito adivinhador em Filipos (Atos 16) mostram inequivocamente que o ocultismo e o Cristianismo não se misturam. Paulo chamou o feiticeiro Elimas de "filho do diabo" e "inimigo de toda a justiça," um corruptor dos caminhos de Deus.
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A conversão em Éfeso (Atos 19:19), onde os novos convertidos confessaram suas práticas malignas e queimaram publicamente seus livros e apetrechos de magia, serve como um modelo claro de como os cristãos devem romper abruptamente com o ocultismo.
Essa rejeição categórica demonstra que, ao celebrar uma festa que intencionalmente ou não glorifica o macabro, a morte, a bruxaria e o medo, o cristão corre o risco de validar ou normalizar o que a Bíblia condena. Para um crente, a luz de Cristo deve sempre dissipar as trevas, e não misturar-se com elas (2 Coríntios 6:14-17).
A Posição de Não Celebrar e a Responsabilidade Cristã
A essência do Cristianismo é a celebração da vida, da luz e da vitória de Cristo sobre a morte.
Portanto, a postura mais coerente para um cristão é a de não celebrar o Halloween.
A escolha de participar, mesmo que de forma "inocente" (como vestir fantasias de princesas ou super-heróis), abre portas para a secularização de algo que possui raízes malignas. Mais importante, o cristão deve levar em conta o testemunho e a consciência do próximo (Romanos 14):
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Causa de Tropeço: Ao participar, mesmo nos seus aspectos mais "leves," um cristão pode levar outros (especialmente novos convertidos, os mais fracos na fé, ou os que estão fora da igreja) a acreditar que o envolvimento com o macabro é aceitável, comprometendo sua própria fé ou o testemunho da igreja.
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Foco: A vida do crente deve ser focada no que é "verdadeiro, nobre, correto, puro, amável, de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor" (Filipenses 4:8). O Halloween, em sua temática central (morte, bruxas, demônios, medo), é o oposto disso.
Em vez de se envolver no Halloween, mesmo com intenções evangelísticas, a melhor opção para muitos cristãos e igrejas é oferecer "alternativas da luz", como Festivais da Colheita ou outros eventos temáticos focados em gratidão, alegria e a Palavra de Deus. Essas alternativas permitem a celebração em um "ambiente devoto" sem a necessidade de legitimar uma festa com raízes e simbolismos incompatíveis com a fé.
A liberdade em Cristo (Romanos 14) não deve ser usada como "pretexto para a carne" (Gálatas 5:13), mas sim para glorificar a Deus em todas as coisas, inclusive nas decisões sobre o que celebrar. No final, a decisão deve ser tomada com a convicção de que tudo o que se faz deve ser feito como para o Senhor (Colossenses 3:17), e se há dúvida sobre se uma atividade honra a Deus, o princípio de Romanos 14:23 ("tudo o que não provém da fé é pecado") deve prevalecer.
Qual dos princípios bíblicos—como não ser causa de tropeço ou fugir das trevas—é mais relevante para você ao tomar decisões sobre feriados como o Halloween?
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